É provável que as rosas tenham sido cultivadas pela primeira vez na China, durante a Dinastia Shen Nung, entre 2737 e 2697 a.C. O cultivo de rosas se tornou popular em 500 a.C., conforme relatado por Confúcio (561-479 a.C.), que escreveu sobre os jardins de rosas em Pequim (BARASH, 1991; SQUIRE & NEWDIDICK, 1991). Confúcio relatou que o Imperador da China possuía, naquela época, cerca de 600 livros sobre a cultura das rosas.
Os chineses extraíam óleo das rosas cultivadas nos jardins do Imperador, para ser usado pelos nobres e dignitários da corte (FLOWERMONTHCLUB, 2003).
As rosas eram muito abundantes nos antigos jardins da Pérsia (atual Irã), sendo que a palavra persa utilizada para “rosa” era a mesma utilizada para “flor”. De lá, elas foram levadas para a Babilônia, onde se tornaram símbolo de poder do Estado (SQUIRE & NEWDIDICK, 1991), estando também representadas em detalhes arquitetônicos das antigas civilizações da Síria (BARASH, 1991).
As rosas possuíam também um alto prestígio na Ásia Central: a deusa indú Lakshmi – deusa da boa sorte, do amor e da beleza – teria nascido de uma rosa formada por 106 pétalas grandes e 1008 pétalas pequenas (SQUIRE & NEWDIDICK, 1991).
Os habitantes da ilha de Creta, na Grécia, entre 2800 e 2100 a.C., registravam a beleza das rosas em suas jóias (BARASH, 1991). Escavações arqueológicas no Palácio Real de Minos, em Knossos, ilha de Creta, revelaram afrescos e peças de cerâmica mostrando que as rosas eram cultivadas naquele local em torno de 1800 a.C. Sappho, um poeta lírico grego que viveu em torno de 600 d.C., a chamou de “Rainha das Flores”. Na mitologia clássica grega, a rosa está associada com Afrodite, a deusa grega do amor e da fertilidade (SQUIRE & NEWDIDICK, 1991).
Os romanos foram grandes apreciadores das rosas. No início, eles as traziam do Egito, mas como o suprimento não era capaz de atender à crescente demanda, os romanos iniciaram seu próprio cultivo de rosas. Eles criaram as primeiras casas-de-vegetação, com tubulações de água quente para manter as plantas suficientemente aquecidas para florescerem no inverno (BARASH, 1991). Durante o reino do Imperador Augusto, e na época do nascimento de Cristo, as rosas eram amplamente usadas na decoração de casas e tumbas. Elas eram indispensáveis nos festivais e nas relações amorosas (SQUIRE & NEWDIDICK, 1991). As rosas floresceram junto com o Império Romano, as castas nobres acarpetavam suas casas com pétalas de rosas, faziam camas com suas pétalas e usavam as flores para perfumar o ambiente. As mulheres romanas faziam uso da essência de rosas como perfume, e por acreditar em suas propriedades rejuvenescedoras, utilizavam-na também como emoliente para a pele. Nesta época, uma rosa pendurada no teto durante uma reunião, significava que o assunto discutido deveria ser mantido em sigilo.
No início da consolidação da Igreja Católica, o confessionário geralmente tinha uma rosa branca pintada acima da entrada, ou um buquê de rosas brancas nas proximidades, significando a confidencialidade do local (BARASH, 1991). A rosa declinou com a queda do Império Romano, pois a igreja a considerou como símbolo de seus excessos. Por quase mil anos, as rosas foram cultivadas em obscuros monastérios. Em torno de 1200, a igreja voltou atrás, abraçando o símbolo da rosa – branco para a concepção imaculada da virgem Maria e vermelho para o sangue de Cristo. Contas de rosas eram tradicionalmente feitas de mistura aquecida de pétalas cortadas, sal e água que eram roladas até atingir o formato desejado. As contas eram unidas para formar um rosário, cuja tradução é “reunião de rosas”. O formato das rosas inspirou os grandes vitrais das catedrais medievais, como os de Chartres, na França.
R. damascena, a rosa-de-Damasco, chegou na Europa com o grande comércio que iniciou com as Cruzadas no século XII. No entanto, esta rosa já havia sido introduzida na literatura por Virgílio, em 50 a.C. Cultivada desde a Idade Média, R. centifolia (rosa-de-Provence) era a favorita nas naturezas-mortas pintadas por espanhóis e holandeses nos séculos XVII e XVIII.
Em 1789 a rosa chinesa, com a qualidade ímpar de florescer durante vários meses, foi introduzida na França e Inglaterra. Antes disso, as rosas cultivadas no ocidente floresciam apenas uma vez por ano, durante um curto período. A rosa-chá foi trazida logo a seguir, também do Oriente. Ambas são as ancestrais dos híbridos de rosas-chá de hoje (BARASH, 1991).
A primeira coleção internacional de rosas foi organizada pela Imperatriz Josephine, primeira mulher de Napoleão Bonaparte. Ela as cultivava em jardins desenhados para mostrar, além das flores, também suas características. Josephine cultivou todas as 2.562 variedades conhecidas na época, incluindo Bourbon, centifólia, China, damasco, gálica, mosqueta, Noisette e rugosa (FLOWERMONTHCLUB, 2003).
A partir de cruzamentos e retro cruzamentos destas rosas através dos anos, elas se tornaram o que são atualmente: em 1887 foram desenvolvidas as perpétuas híbridas, em 1867 as híbridas de chá, em 1875 as poliantas, em 1924 as floribundas, e em 1954 as grandifloras (BARASH, 1991).
São raras as referências sobre a história das rosas no Brasil, mas é sabido que foram trazidas pelos jesuítas entre os anos de 1560 e 1570. As primeiras roseiras foram plantadas ao lado da Vila de Piratininga e suas flores eram utilizadas em solenidades religiosas. A partir da criação da Ordem da Rosa, em 1829, através da qual D. Pedro I homenageava os nobres por seus feitos, é que iniciou o plantio de roseiras em jardins públicos (PETRY, 2000). A citação literária mais antiga encontrada data de 1813, a partir da descrição do município de Roseira, cujo nome deriva-se do bairro localizado à margem do Caminho Real que ligava São Paulo ao Rio de Janeiro. Segundo a tradição oral, o nome originou-se das rosas (rosa branca brava e a rosinha trepadeira denominada “mariquinha”) existentes à margem do caminho. Um manuscrito, existente na Biblioteca do Museu dos Ciclos Sócio-Econômicos do Vale do Paraíba, afirma que as rosas brancas e a rosinha trepadeira cobriam as cercas e divisas das propriedades ao longo do Caminho Real (CIDADEAPARECIDA, 2003).
Fonte: ORIGEM, EVOLUÇÃO E HISTÓRIA DAS ROSAS CULTIVADAS ORIGIN, EVOLUTION AND HISTORY OF CULTIVATED ROSES
BARBIERI, Rosa L.1*; STUMPF, Elisabeth R. T.2
Foto: Eliane Sena - Casa das Rosas em São Paulo
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